quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O mar...

Por Taís González

Sol, praia, um assado de peixe, uma bela paisagem. Sim, este é o cenário que, geralmente, imaginamos quando lembramos o mar. Mas, com toda a certeza, não é só isso. Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície da Terra e são fundamentais para todas as formas de vida. Hoje, o que vemos é que, a cada dia, eles ficam mais doentes, com isso, o planeta inteiro padece. A situação atual não é das mais animadoras: contaminação por poluentes, diminuição dos estoques de peixes, espécies marinhas próximas do colapso, fora as calamitosas consequências do aquecimento global. De acordo com estudos recentes a acidificação, o branqueamento dos corais e o aumento do nível do mar, são os principais resultados.

E pensar que somos os principais responsáveis por todas as modificações que estão ocorrendo com os oceanos. Eles nos fornecem não só alimentos, mas, também: energia, água, sal, entre outras matérias-primas importantes, meio de locomoção, turismo e lazer. Além de ser um importante regulador climático, absorvendo boa parte do calor gerado no planeta e acomodando variações de temperatura. Os oceanos são o maior sumidouro de carbono da Terra, absorvendo cerca de até 50% das emissões geradas pelo homem e emitindo outros 50% de oxigênio.

Com 8.698 quilômetros de costa, o Brasil está intimamente ligado ao mar. Em nosso litoral, convivem 42 milhões de pessoas, ou seja, uma entre quarto pessoas vivem à beira-mar, segundo dados do IBGE e as milhares de comunidades costeiras dependem deles para sobreviver. A rica biodiversidade subaquática tropical da costa brasileira constitui um imenso patrimônio nacional, ainda pouco explorado pela pesquisa científica, já bastante degradado e pouco cuidado, apenas 1,46% da zona costeiro-marinha é transformada em áreas marinhas protegidas. Ainda assim, com manejo adequado, recursos poderão estar disponíveis para as próximas gerações oferecendo cada vez mais possibilidades de conhecimento, renda, alimentação, transporte e outros serviços.

Para tanto, é preciso que tratemos de nossos mares com respeito e inteligência. Se o descaso atual continuar, a tendência é que eles potencializem alguns de nossos atuais problemas, como a fome, a pobreza e a desapropriação de área ou até reordenar parte da costa brasileira por causa da elevação do nível do mar, uma das consequências do aquecimento global. Para se ter uma ideia, os oceanos já estão absorvendo mais de 80% desse calor excedente, aumentando a temperatura média de suas águas em até 3 mil metros de profundidade.



Já foram encontradas também, algumas ilhas de lixo, a maior parte formada por objetos de plástico, que flutua ao largo da costa da Califórnia, no oeste dos EUA, sem confirmações sobre seu tamanho, alguns dizem que é equivale a Província de Quebec, no Canadá, ou o tamanho do estado do Amazonas. Esta concentração é um produto do movimento das correntes, conhecido com Redemoinho Subtropical do Pacífico. A área chamou a atenção pública graças aos esforços de Charles Moore, um capitão-do-mar que navegou pela área em 1997 e ficou chocado ao encontrar rejeitos de plástico a centenas de quilômetros da costa.

Conforme dados apresentados pelo relatório da ONU sobre os oceanos, de 2009, mais de 80% do lixo disposto nos mares é formado por sacolas plásticas e garrafas PET. Com o tempo, o material se quebra em minúsculas partículas consumidas pelas menores formas de vida marinha na base da cadeia alimentar. Os detritos de plástico têm o potencial de lesar porque carregam toxinas, podem causar feridas internas e enganar os animais fazendo-os pensar que estão saciados. Mas é difícil ter números concretos sobre a problemática dos oceanos, a única certeza é a de que, se continuar nesse ritmo, não restarão muitas belas paisagens ou peixes para contar história.

Um comentário:

Rafa Fernandes disse...

Muito bom!! Parabéns pelo texto!!